É sempre muito difícil falar a respeito da morte. Esse
parece ser um assunto que ninguém gosta de ‘tocar’, pelo menos não quando a
morte é de algum ente querido.
Primeiro nos ensinam que ‘a morte não existe’, as princesas
dos filmes nunca morem! Elas dormem, desmaiam, fazem qualquer coisa, mas
depois... Sempre voltam à vida (de preferência com um beijo encantando!).
Mais tarde (com as novelas) nos ensinam que só os ‘vilões’
morrem.
E depois (depois se você tiver a ‘sorte’ que isso só
aconteça quando você está supostamente ‘preparado’) a vida vem e lhe ensina que
os bons também se vão. Que as pessoas que tanto amamos não são eternas. Que a
morte existe e está tão perto de nós quanto à vida.
Uma pessoa que amo muito e que já me deixou sempre dizia uma
grande verdade:
“Pra morrer, só basta
estar vivo.”
...
Bem, mas como o título do texto sugere, eu vou falar da
morte (propriamente dita) e sim do luto causado por ela nas pessoas que permanecem
por aqui.
Mas afinal, o que é o luto? Ao procurar definições na
internet, encontrei uma no Aurélio Online que me pareceu bem clássica:
“Período após a morte
de alguém em que é costume usar esse traje ou limitar determinados
comportamentos.”
Ok, mas...
Penso que se hoje alguém fosse fazer
uma definição “moderna” do luto seria algo mais ou menos assim:
Ato
de trocar a foto nas redes sociais por alguma contendo a palavra luto ou uma
fitinha preta (ou os dois ) e/ou publicar na a palavra LUTO, seja em publicação
simples ou utilizando a hashtag (#luto), após a morte de alguém.
Aviso que essa não é uma crítica a quem
expressa seu luto dessa forma, afinal, vivemos em um país ‘livre’ e reconheço
que no dias atuais somos quase que obrigadxs a postar nossas alegrias e
tristezas nas redes sociais. Eu diria que existe uma força ‘invisível’ que nos
convida a expor nossas vidas, cada vez mais e mais.
Apenas acho engraçado, pois parece que
colocando lá (redes sociais), a mensagem vai chegar ao conhecimento do destinatário.
Não importa se esse é umx ex-namoradx, umx inimigx, Deus ou alguém que já se
foi, ela vai chegar.
Pois bem, eu particularmente não
concordo com nenhuma das definições de luto acima. Não penso que para estar de
luto preciso me comportar ou me vestir de forma diferente e muito menos acho
que devo gritar aos quatro ventos a minha dor.
Para mim, estar de luto não é um
status, uma publicação e sim um estado, uma situação, um sentimento.
Não é porque eu não mudo a foto na rede
social ou porque não uso preto em um velório que quer dizer que sofro menos.
Meu luto está no choro calado antes de dormir,
nos olhos marejados ao lembrar que não vou ter mais aquele abraço, no nó na
garganta por não ouvir mais aquela voz me chamar, na sensação de impotência por
não ter conseguido impedir...
Meu luto está na recordação, na
gratidão, no carinho, no amor e na eterna saudade de quem não vai voltar.
Luana Melo