terça-feira, 3 de maio de 2011

Você também?

“Eu também...” vocês já notaram como e quanto fazemos uso dessas palavras em nosso dia – a – dia? Elas algumas vezes podem apontar uma característica nossa que muitas vezes não admitimos ou percebemos: o egoísmo.

Já perceberam quantas vezes você e/ou as pessoas em sua voltam usam essas palavras quando alguém vem lhe contar alguma queixa?
Algo do tipo:

- Hoje eu tive um dia muito cansativo...
- Foi? Eu também... Começou já de manhã quando cheguei... (e por aí vai)

Ou mesmo assim:

- Ah to tão feliz hoje!
- Sabe que hoje “eu também” acordei com uma felicidade...

E novamente direcionamos o foco para nós, como se de alguma forma tivéssemos que compactuar do que o outro sente, fazendo assim com que pareça que não escutamos necessariamente o que esta sendo dito, mas apenas em que o que esta sendo dito se parece com que há em mim. Dando muitas vezes a impressão que só o que interessa é o que “nós também”, “nós também”, “nós também...” 


Porém, é interessante pensar nas formas como esse “eu também” pode se apresentar, podendo ser essas  diferentes e opostas.

Como já mencionado, às vezes se tem a impressão que o outro realmente não se interessa pelo que é falado, interessando-se apenas no que “ele também.” Resumindo o que  é trazido pelo outro, a sua experiência pessoal do fato. Mas já notaram como às vezes parece justamente o contrário? Como parece que ele não só se interessa como se identifica (no primeiro caso também há uma identificação, o que difere é o que é feito com ela, como e a quê é conduzida a situação) com o trazido e o “eu também” aparece mais como uma forma de “não só entendo, como já vivenciei”, “isso também aconteceu comigo”, etc. Sendo posto para informações positivas e/ou negativas.

Vamos pensar nesse “eu também” em outro contexto. Nos contextos dos relacionamentos amorosos.  

Quem nunca ouviu um “Eu também” após uma frase como um “Eu te amo” ou “Estou com saudades”?

Pois é, geralmente as pessoas usam o “eu também” nessas ocasiões, o que para alguns pode parece meio ‘forçado’.  É como se a pessoa se sentisse na “obrigação” de corresponder aquele sentimento, enfatizando isso com esse “eu também.” E de verdade, penso que não é por um mero sentimento de obrigação que o outro que ouvir esse “eu também” e sim por uma reciprocidade sincera.



Querido(a) leitor(a), nunca, nunca em hipótese alguma se sinta obrigado a corresponder a seja qual for o sentimento que uma pessoa direcione a você, pois tenha certeza que a depender do sentimento essa pessoa adoraria ser correspondida, mas só se for de forma sincera e espontânea.  Esse sentimento pode ate em alguns momentos ser desejado de ‘qualquer forma’, mas se assim for vivenciado, certamente não será satisfatório.

Mas enfim, isso são cenas para os próximos capítulos...

Vamos nos voltar agora um pouco a quem fala (locutor) e não a quem responde (ouvinte) o “eu também”, pois apesar de já ter sido citado a aparência forçada de alguns “eu também”, quem, me digam quem não espera ouvir um desses depois de certas frases de afeto?

E ai que está um ponto importante, nós esperamos! e não quero dizer que esteja errado mas talvez devemos pesar se queremos ouvir aquilo porque nos queremos ouvir ou se porque o outro quer dizer, não seria mais interessante uma afirmação do que uma resposta?
Não seria melhor ouvir um “Eu te amo” (por exemplo) quando o outro tiver com vontade de dizer do que ouvir um “Eu também” porque dissemos primeiro?

A questão é, são duas situações diferentes, mas que se encontram e interagem. De um lado quem fala e espera ouvir, e do outro quem acha que deve responder.
E é exatamente aí que em minha opinião estar o encanto de tudo, o não ter receita a seguir é o que rega com fartas gotas de charme a vida em situações como esta.  Como já vimos essa simples frase pode repercutir de formas totalmente diferentes, em alguns momentos pode ser tudo o que ser quer dizer e ouvir e em outros pode soar como descaso.

Mas o divertido é isso, é a duvida, é não saber quando é certo dizer, é o depender do bom senso, do sentimento, da vontade...

É claro que não necessariamente ao dizer “eu também” em algumas das situações acima mencionadas as pessoas estejam mal intencionadas, com o intuito de desprezar ou de enganar o outro. Talvez essa tenha sido a melhor forma encontrada pra dizer: eu entendo!

Não quero de forma nenhuma colocar nada aqui como sendo bom ou ruim, certo ou errado, afinal felizmente, muito felizmente as pessoas são diferentes, tem movimentos diferentes, agem e interpretam as coisas de formas diferentes. Então o que não cabe a alguns em alguns momentos não cabe a outros.
O meu propósito é apenas a reflexão, o caminho quem escolhe é você, ou pelo menos deveria, afinal EU TAMBÉM posso errar.



Luana Melo